Não sabia muito o que esperar de Kunitsu-Gami: Path of the Goddess quando estava prestes a jogá-lo no Play Days do Summer Game Fest 2024. Basicamente, só sabia que o jogo era muito bonito e trazia um lado artístico bem carregado, mas não tinha ideia de como funcionava a gameplay. Em conversa com um dos representantes da Capcom no Brasil, ele até brincou que era um jogo complicado de se explicar, e que só faz mais sentido ao assistí-lo ou jogá-lo.

Tirando essa esquisitice da frente, Kunitsu-Gami mistura turnos, ação e estratégia. O papel do jogador, controlando o guerreiro Soh, é abrir um caminho corrompido para que a deusa Yoshiro. Para liberar esse trajeto, é necessário acumular cristais distribuídos de variadas formas: ao chegar em uma nova fase, explorar por plantas que podem ser destruídas e purificar civis que foram infectados pelas forças sombrias fornece esse recurso, mas ainda é pouco para avançar.

Aí entra a mecânica de turnos e estratégia. Ao invés de gastar seus cristais para abrir caminho logo de cara, o jogador pode usá-los para dar funções aos cidadãos que libertou. Em nossa demo, vimos três "cargos" em ação: o lenhador, que usava um machado para combate corpo-a-corpo; o ascético, que diminui severamente a velocidade dos inimigos; e o arqueiro, que é bem auto-explicativo.

É possível organizar cada um dos civis pelo mapa como quiser, e enfim se preparar para o turno de combate. Ao anoitecer, a cidade passa a ser atacada por seres maléficos, e derrotá-los garante os valiosos cristais que te permitem avançar. Os inimigos, ao menos na demo, não são um grande desafio, e a maior dificuldade é defender a vulnerável Yoshiro de seus ataques.

Finalizada a noite, o jogador precisa decidir se já tem cristais suficientes para ir à próxima fase, ou se irá recrutar ainda mais civis. Durante a minha gameplay, um ciclo de combate foi suficiente para avançar em todas as fases que joguei.

Esse loop é interrompido ocasionalmente por uma batalha de chefão, que funciona de forma ligeiramente diferente. Soh já tem um "exército" pré-definido de civis, e recebe uma quantidade determinada de cristais da própria Yoshiro para dar funções a cada um.

O boss disponível na demo era uma criatura enorme que eventualmente invocava inimigos menores — estes, por sua vez, dropavam mais cristais e permitiam, por exemplo, trocar a classe de um dos cidadãos para ascético, que era a mais cara entre as três funções.

Combate dançante

Nem a luta de chefão, nem as batalhas normais com inimigos menores foram desafiadoras, mas não deixaram de ser divertidas. O combate de Kunitsu-Gami é literalmente uma dança; o botão que usualmente é chamado de ataque pesado, inclusive, vira "Dance Attack" no game.

Misturando golpes bem coreografados com efeitos visuais que os destacam ainda mais, as lutas são fluidas e visualmente agradáveis, mas não para por aí.

Os cenários de Kunitsu-Gami foram todos construídos na vida real em maquetes, e então escaneados e digitalizados para o jogo. O mesmo vale para alguns doces que aparecem no game; as comidas apetitosas já são quase uma marca registrada da Capcom nesse ponto da história, mas vale destacar que, neste game, a empresa fez parceria com uma confeitaria centenária de Osaka, dando um requinte ainda maior à coisa toda.

Tudo parece querer chamar sua atenção com beleza. Mesmo as barras de vida de Soh e dos cidadãos são pergaminhos com ideogramas; figurinos e a interface de usuário também não ficam atrás.

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O maior questionamento que fica é se o ciclo de dias e noites não ficará repetitivo demais com o passar das fases. Sem muito desafio e, consequentemente, sem a necessidade de usar todos os passos de dança disponíveis, o game pode, aos poucos, se tornar cansativo. O game já chega em 19 de julho para PlayStation 4 e 5, Xbox One e Series X|S e PC, então não demorará tanto assim para sabermos a resposta.