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The Rogue Prince of Persia é um jogo extremamente azarado

Novo projeto da Evil Empire tem charme e boas mecânicas, mas as comparações com Hades 2 são inevitáveis

Por Breno Deolindo 03.06.2024 14H45

The Rogue Prince of Persia é um dos jogos mais azarados dos últimos anos. Da mesma forma que a franquia Horizon parece sempre destinada a ficar na sombra de games maiores, o novo jogo da Evil Empire foi ofuscado pela sequência daquele que é provavelmente o maior roguelike da história: Hades, tendo até de adiar seu lançamento. Ainda assim, essa nova empreitada "indie" da Ubisoft mostra bastante potencial em seu acesso antecipado, mesmo que alguns elementos precisem de pequenas reinvenções.

O jogador controla o Príncipe, membro da realeza que precisa voltar à Pérsia para defendê-la de uma invasão dos Unos. O ciclo do jogo é bem óbvio para quem sabe o mínimo da franquia e do formato roguelike: assim que a barra de vida do Príncipe chega a zero, as Areias do Tempo o levam de volta para um acampamento seguro.

As mecânicas e aspectos comuns do gênero também marcam presença: fases geradas aleatoriamente, assim como diferentes builds e armas são encontradas ao longo de cada tentativa de chegar à Pérsia. A sacada está em misturar, de forma bastante acrobática, essa receita simples com elementos de plataforma.

Correr pelas paredes, saltos que vão ficando cada vez mais complexos e o uso preciso de cada comando são necessários para explorar os cenários do jogo a fundo — é até possível encontrar todos os elementos sem tanta precisão, mas o jogador pagará pelo preço com pontos de vida.

Elementos que funcionaram em Dead Cells, o grande sucesso da Evil Empire, se repetem: portais para acessar rapidamente áreas de cada fase; recursos que precisam ser coletados e "resgatados" antes de cada morte; até a disposição dos itens nas lojas e a porta que separa cada fase podem parecer familiares.

A fórmula funciona bem, especialmente pelo estilo cartunesco adotado pela desenvolvedora e pela altíssima qualidade nas animações do Príncipe: cada salto e escalada é gostoso de se assistir, principalmente com uma trilha sonora que mistura música eletrônica com instrumentos persas.

A sensação de fluidez tem seu contraponto no combate, que é intencionalmente punitivo. Os ataques pesam no controle e na barra de vida, adicionando uma punição para a fórmula do jogo e trazendo um equilíbrio bem interessante.

Ainda assim, ao finalizar algumas corridas, a fórmula usada pelo jogo para construir cada fase fica bem exposta. Os puzzles de plataforma e até a disposição de cada parte do mapa se torna previsível.

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O grande desafio está, justamente, na diversificação — e não apenas das fases. The Rogue Prince of Persia ainda está em acesso antecipado e, talvez por isso, seus conteúdos não sejam tão aprofundados assim. Afinal, o game ainda nem disponibilizou as últimas fases e o chefão final para o público, mas é fato que falta um pouco de variedade entre os sabores oferecidos.

As várias armas disponíveis, com exceção de uma ou outra, não requerem uma abordagem própria ao combate; não transmitem uma sensação "única". Os diálogos com NPCs se esgotam em poucas corridas, e o mesmo vale para os chefões. Até mesmo os medalhões que dão buffs e habilidades diferentes ao príncipe se esgotam; ainda que eles estejam em grande número, seus efeitos não são tão variados assim.

Novamente, o azar desse jogo é impressionante: é bem provável que a falta de diversificação não seria um ponto de discussão caso Hades 2 não estivesse tão fresco na memória. Afinal, mal vi falas repetidas no jogo da Supergiant em minhas mais de 30 horas de gameplay, e não posso dizer o mesmo das minhas cinco horas em The Rogue Prince of Persia, que foram suficientes para vencer o último chefão disponível até o momento.

Comparações injustas à parte, o novo game tem seus méritos e ainda tem bastante tempo para crescer em cima de seus problemas. Introduzir armas mais variadas e melhorar a ambientação com mais falas e contexto daquele universo será a chave para que o jogo atinja todo seu potencial.