Review: Paper Mario: The Thousand-Year Door é resgatado em remake simples

Versão de Switch traz melhorias de qualidade de vida a um dos melhores RPGs do herói

Por Bruno Silva 24.05.2024 17H30

O que você faz quando está preparando um videogame novo, mas o seu videogame atual não apenas é um dos mais comercializados de todos os tempos, mas ainda vende super bem? No caso da Nintendo, este momento tem sido de olhar para seu extenso catálogo de jogos e resgatar coisas que provavelmente não voltariam se o Switch não estivesse indo tão bem. Para a nossa sorte, é o que proporcionou o retorno de Paper Mario: The Thousand-Year Door.

Agora, o jogo de 2004 retornou em um remake para o Switch que provavelmente vai servir mais como um resgate histórico do jogo para uma plataforma moderna do que qualquer outra coisa. Não que isso seja ruim. Pelo contrário: um dos mais queridos games da série de RPGs protagonizados pelo encanador, mas que estava presa no longínquo GameCube, pode ser jogado em uma versão com algumas melhorias de qualidade de vida que reforçam a qualidade do game original.

The Thousand-Year Door nos leva a Rogueport, uma cidade de ladrões construída em cima de uma outra cidade, destruída há muito tempo por uma calamidade. Nestes escombros, há uma porta milenar cuja lenda diz guardar um grande tesouro, o que naturalmente atrai a princesa Peach, de passagem pelo local em suas férias pelo Reino do Cogumelo.

Não demora muito tempo para a princesa convidar Mario para procurar um jeito de abrir a porta, apenas para o herói descobrir que ela está desaparecida ao chegar lá. Com um mapa em mãos, Mario parte em uma caça ao tesouro ao lado de uma série de outros grupos envolvidos, que vai dos piratas X-Nauts ao próprio Bowser.

A jornada, inclusive, é o ponto alto de The Thousand-Year Door. Ao longo do caminho, Mario visita diversas regiões ao redor de Rogueport para buscar as sete Crystal Stars, que podem abrir a lendária porta, e encontra diversos personagens do elenco principal de Mario, além de vários estreantes.

Da simpática pesquisadora Goombella ao almirante Bobbery, os personagens são cheios de carisma, e ganham seu momento de brilhar na história principal, enquanto figuras como Luigi, cujos relatos de sua aventura paralela funcionam como o melhor sonífero para Mario, também são belos achados durante o decorrer da aventura.

O roteiro de The Thousand-Year Door traz, talvez, o que há de melhor entre os RPGs do Mario: a possibilidade de ver os heróis do reino do cogumelo sob uma perspectiva totalmente diferente, mas igualmente interessante, do que a dos jogos de plataforma, mesmo que isso signifique que o encanador acabe sendo jogado um pouquinho para o papel de coadjuvante. É algo que nasceu em Super Mario RPG - outro jogo resgatado pela Nintendo para o Switch - ganhou espaço no primeiro Paper Mario e em TTYD, mas acabou sendo deixado de lado por uma abordagem que devolve os irmãos Mario aos holofotes, o que acabou tirando um pouco o brilho desta franquia derivada.

Nesse sentido, o remake acaba se destacando sem nem precisar mudar muito o roteiro. Na verdade, a nova versão até corrige um erro das localizações do passado: no jogo original, a personagem Vivian é identificada como uma mulher trans tanto no texto japonês quanto nas versões europeias, mas esses detalhes foram cortados da tradução americana.

Divulgação/Nintendo

Na parte de gameplay, Paper Mario traz uma experiência simples, mas que não deixa de ser divertida. Os combates em turno usam elementos de teatro, no qual os aplausos de uma plateia de Toads é o combustível de uma barra de ataques especiais.

Para empolgar o público, é necessário acertar diferentes mecânicas de ataque, que geralmente consistem em apertar botões em um timing certo. Cada companheiro de equipe do Mario tem habilidades específicas e o próprio herói também vai aprendendo novos truques ao longo do caminho.

A nova versão se concentra em mudar o gameplay com algumas pequenas melhorias de qualidade de vida que ajudam muito a deixar a experiência mais dinâmica em relação a edição original.

Isso se traduz tanto em assistências que te ajudam a resolver puzzles, ou um novo NPC que te permite treinar o timing dos acertos de golpes durante a batalha.

Divulgação/Nintendo

A melhor parte das melhorias de qualidade de vida se concentra em eliminar um dos principais problemas do jogo original: o backtracking.

No Paper Mario do GameCube, a aventura exigia que você ficasse indo e voltando por vários cenários que você já explorou, e a repetição das travessias deixava a progressão da história bem tediosa, especialmente na metade do jogo. Isso foi solucionado com a inclusão de uma sala no subsolo de Rogueport com diversos canos pelos quais você pode chegar rapidamente em vários cenários ao redor da cidade.

Ao consertar o que precisava de melhorias e manter o que já era bom intacto, a Nintendo deu ao Switch a versão definitiva deste RPG. É um pequeno milagre, especialmente se lembrarmos que este jogo provavelmente não ganharia esse tratamento caso a fabricante japonesa não estivesse vivendo um momento de absoluta confiança com o seu atual console.

Felizmente, essa é a realidade da Nintendo no momento, e um dos maiores RPGs do Mario de todos os tempos foi resgatado da melhor maneira possível.

Divulgação/Nintendo
 
 
Nota do crítico