VALORANT: Riot "matou" as ligas regionais, e o Brasil é a prova disso

VCB teve etapas com audiência fraca e calendário apertado em 2023

Por Bruno Povoleri 05.06.2023 12H00

Estamos em junho e as principais competições do competitivo brasileiro de VALORANT já terminaram. Sim, você não leu errado: a segunda etapa do VALORANT Challengers Brazil (VCB) 2023 terminou no último domingo (4) com o bicampeonato seguido da The Union.

Agora, conforme divulgado oficialmente pela própria Riot Games, o próximo grande torneio nacional do jogo será apenas em 2024. E isso é uma fatalidade que já era esperada diante da chegada das franquias e do VCT Americas 2023, mas que se agravou ainda mais no primeiro semestre deste ano.

Não é novidade que o VCB 2023 teve dois splits com números baixíssimos de audiência em comparação com anos anteriores. Os motivos não têm ligação com o formato de transmissão, a estrutura presencial, os casters e tampouco a equipe que cria conteúdo relacionado ao torneio. Tudo isso, como de praxe da organizadora, funcionou muito bem. 

Doa quem doer, mas verdade é que o calendário curto, a logística presencial, a “competição” com o VCT Americas e a ausência de organizações de massa foram a pá de cal que faltava para enterrar o caixão do VALORANT brasileiro. 

Quase seis meses separam o início da primeira (18 de janeiro) com o fim da segunda etapa (4 de junho) do principal produto competitivo de VALORANT no Brasil. Se não houvesse o VCT LOCK//IN Brazil, torneio de pré-temporada para o início das ligas internacionais, o VCB 2023 terminaria ainda mais cedo do que esse período.

Ou seja, como uma organização local investe em uma line-up por pelo menos um ano, sendo que o calendário de campeonatos oficiais da Riot Games no Brasil termina em menos de seis meses? Com exceção de The Union e 00Nation, que disputarão o VCT Ascension 2023 entre os dias 30 de junho e 9 de julho, o restante dos times brasileiros não têm mais o que disputar no país.

Eu sei que você até pode pensar: “ah, mas tem o campeonato do fulano e o campeonato organizado pela ciclana que ainda vão acontecer”. E eu vou te perguntar: eles vão render uma premiação suficiente para fazer com que a organização feche o ano com as contas em dia no VALORANT? Não, não vão.

Além disso, realizar o VCB no formato presencial desde o início se provou um erro crasso. Os custos de logística e de operação, tanto da organizadora quanto das organizações, claramente não se pagaram. E isso, na minha opinião, ainda influenciou no afastamento de equipes do cenário - que avaliaram negativamente a necessidade de ter que se deslocar semanalmente até o local do torneio.

De uma maneira geral, a sensação que fica é que, se o VCB fosse realizado de forma online, a audiência seria praticamente a mesma. Em um contexto ideal, ao menos a fase regular do campeonato poderia ser online, com os playoffs presenciais. Faz mais sentido para todos os envolvidos dentro da disputa.

A tentativa de fazer do VCB e de outras ligas regionais uma espécie de “segunda divisão” ou quiçá uma espécie de “liga desenvolvimento” das ligas internacionais até funcionou. A grande questão é que, no caso do VCB, houve desvalorização do próprio produto, já que passou a concorrer quase que diretamente com o VCT Americas. 

Troféu da segunda etapa do VCB 2023 (Foto: Bruno Alvares/Riot Games)

Eu sei que a ideia da Riot foi democrática e baseada em “ter VALORANT todo dia”, mas na prática não funcionou tão bem assim. Nem todo mundo tem tempo ou vontade de assistir campeonatos do jogo praticamente na semana toda.

Em alguns relatos nas redes sociais foi possível perceber que, quem assistia VCT Americas no fim de semana, sequer lembrava que teria VCB nos dias seguintes. E isso não foi um problema de entrega da organizadora.

Por fim, mas não menos importante, o fato de não ter organizações de massa no VCB ajudou a “matar” a sustentabilidade do torneio. É claro que essa questão foge um pouco da Riot, mas faz parte do trabalho da publisher atrair equipes que auxiliem a fomentar a competição e crescer ainda mais o produto como um todo.

Com LOUD, FURIA e MIBR nas franquias, não há para onde correr quando você pensa em times brasileiros com grandes torcidas e com engajamento nas redes sociais que não sejam Los Grandes, Fluxo e paiN Gaming. O VCB precisa tirar o rei da barriga e entender que, hoje, necessita mais dessas organizações do que elas necessitam dele.

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Em 2024, que o VCB tenha mais organizações relevantes, um formato mais atraente para o público, mais exposição e um calendário que faça mais sentido para jogadores, times e patrocinadores. Potencial não falta.


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