Sonic nasceu em 1991 para o Sega Genesis – o Mega Drive no Brasil – pensado para concorrer diretamente com a franquia Mario, da Nintendo. Criado por Yuji Naka, o primeiro jogo do personagem foi concebido a partir de uma demo técnica do console que trazia uma esfera se movendo rapidamente por tubos e trajetos sinuosos. 

Sonic – Conceito, execução e posto de mascote

Com a necessidade de criar uma marca forte para a empresa, Naoto Ohshima e Horkazu Yasuhara, responsáveis pela arte e design do jogo, trabalharam em evoluir o conceito de uma simples esfera para algum tipo de animal que pudesse assumir essa forma. 

Após definirem o ouriço como personagem, atribuir sua paleta de cores considerou, além de fazer frente ao encanador da Nintendo, criar uma forte representação nos Estados Unidos

Devido à forma rudimentar de se contar histórias nos jogos da época, os manuais de instruções e peças promocionais ajudavam a contextualizar a ação da tela com enredo. No caso de Sonic, o Dr. Robotnik transforma animais em robôs em sua busca pelo poder das Esmeraldas do Caos e o ouriço super sônico corre para libertá-los e para frustrar os planos do vilão.

Sonic The Hedgehog (1991)

O design dos estágios é rico e colorido, levando Sonic a ilhas exuberantes, cidades futuristas e ruínas submersas. Tendo a velocidade do personagem como principal mecânica de jogo, os criadores brincaram ao introduzir molas, elementos de pinball e áreas que de alguma forma afetam tanto a trajetória quanto a velocidade do ouriço – como nas angustiantes fases de água, quem lembra?

Crédito: Sega America

Outro elemento essencial da jogabilidade de Sonic é a necessidade de coletar o máximo de anéis pelos estágios. A cada 100 anéis coletados o jogador ganha uma vida extra e, ao cruzar a linha de chegada com pelo menos esses 100 anéis, o jogador tem acesso a estágios bônus, onde adquire as Esmeraldas do Caos antes de Robotnik.

Somadas a essa combinação estão trilhas extremamente marcantes que trazem contexto para cada cenário. Sonic The Hedgehog foi um sucesso instantâneo, com ampla presença em campanhas publicitárias do 16-bit da Sega, tornando-se o mascote oficial da empresa.

Sonic 2 (1992) — Novos personagens e consolidação da fórmula

Em novembro de 1991, a Sonic Team, equipe da Sega que passaria a ser responsável pela série, já havia começado a trabalhar na sequência de Sonic The Hedgehog, que chegou em 1992. Mesmo com ciclo curto de desenvolvimento, Sonic 2 se tornou um marco ao introduzir um novo personagem, algo que virou praticamente uma regra da série. 

Crédito: Sega America

Miles Power, ou Tails, foi o primeiro parceiro de Sonic em suas aventuras. Inspirado na lenda japonesa da  Kyubi – a mesma que inspirou Naruto – o design de Tails é de uma raposa com duas caudas. O simpático personagem consegue girar suas caudas como uma hélice, sendo capaz de voar pelos cenários e carregar Sonic.

Por estar sempre na tela seguindo o personagem principal, Tails possibilita jogar cooperativamente a qualquer momento, bastando conectar um segundo controle ao console. A tela acompanha sempre o primeiro jogador, então Tails pode sofrer danos e cair em buracos indefinidamente sem perder anéis ou vidas.

Sonic CD e Sonic Spinball (1993) — Primeiros passos em outras mídias

Na tentativa de se valer da nova tecnologia de CDs presente nos computadores pessoais da época, a Sega lançou o acessório Sega CD. Além de oferecer um armazenamento maior que o dos cartuchos, com ele era possível acrescentar vídeos animados e trilhas sonoras mais complexas. 

Sonic CD foi desenvolvido em paralelo com Sonic 2 e foi pensado como uma versão complementar do jogo. No entanto, com muito mais recursos e possibilidades, o novo tipo de armazenamento possibilitou um projeto bem mais robusto, sendo publicado como um jogo por si só.

Crédito: Sega America

As mecânicas essenciais de Sonic CD são as mesmas dos jogos anteriores. O game adiciona dois novos personagens, Amy Rose e o vilão Metal Sonic, versão maligna do ouriço criada por Robotnik. Todavia, o principal destaque está nas suas cutscenes cinemáticas, que possibilitam o caminho de Sonic dos games para os desenhos animados, se tornando oficialmente um produto cross-media da Sega. 

Outro resultado dessa expansão foi Sonic Spinball, primeiro spin-off oficial do herói. Considerando que os jogos originais já trazem muitos dos conceitos das máquinas de pinball, criar um jogo especificamente desse gênero foi uma escolha natural, mas infelizmente não teve continuações oficiais.

Sonic 3 e Sonic & Knuckles (1994)

Lançado em 1994, o terceiro jogo da franquia e sua expansão (sim, expansão), é considerado um dos melhores até hoje. Por voltar aos cartuchos, Sonic 3 não trouxe cinemáticas na abertura e entre os estágios, mas evoluiu praticamente todos os elementos dos jogos anteriores.

Além de incluir estágios principais ainda mais dinâmicos e desafiadores, Sonic 3 introduziu o que possivelmente são as melhores fases bônus de toda a franquia. O jogo também apresentou o novo personagem Knuckles, uma equidna que possui a habilidade de escalar paredes e quebrar pedaços específicos do cenário com socos.

Na versão base do jogo, Knuckles aparece apenas como um possível antagonista. Porém, ao acoplar a fita de Sonic 3 no cartucho de expansão Sonic & Knuckles, era possível jogar as mesmas fases de Sonic 3 com o novo personagem, acrescidas de modificações específicas para ele.

Jogos da era 16-bit

  • Sonic the Hedgehog, 1991 (Sega Genesis / Mega Drive)

  • Sonic the Hedgehog 2 1992 (Sega Genesis / Mega Drive)

  • Sonic CD, 1993 (Sega CD)

  • Sonic Spinball, 1993 (Sega Genesis / Mega Drive)

  • Sonic the Hedgehog 3 / Sonic & Knuckles, 1994 (Sega Genesis / Mega Drive)

Era do Sonic 3D

Em 1994, a Sega já havia lançado o Sega Saturn, praticamente inaugurando a geração dos consoles 32-bit. Com isso, os jogos 3D estavam cada vez mais em alta, principalmente nos fliperamas com Virtua Fighter, e pareceu natural atualizar o visual da principal franquia da empresa.

Sonic 3D Blast (1996)

O primeiro jogo da série a se arriscar com gráficos 3D foi Sonic 3D Blast, que também foi o primeiro Sonic a não ser desenvolvido pela equipe da Sega. O título traz uma aventura com senso de profundidade e visão isométrica e, apesar de dar um novo ar para a franquia, o jogo eliminou muito da sensação de velocidade e ritmo acelerado. 

Com versões para Mega Drive e Saturn, Sonic 3D Blast não emplacou, alcançando apenas 700 mil unidades vendidas mundialmente. Um fiasco se comparado aos 4 milhões de Sonic 3 & Sonic Knuckles.

Vida curta com o Dreamcast

O Sega Saturn representou um baque ainda maior para a Sega do que Sonic 3D Blast. O console tinha produção cara  e repassou muito de seu custo ao consumidor. Por isso, acabou esmagado pela concorrência do PlayStation. Enquanto o novo console da Sony está posicionado até hoje entre os mais vendidos da história, com mais de 100 milhões de unidades vendidas, o Saturn atingiu menos de 10 milhões, ficando atrás até mesmo de seu antecessor.

Crédito: Sega America

Sonic Adventure 1 e 2 (1998 / 2001)

Na tentativa de se recuperar, a Sega estabeleceu parceria com a Microsoft e apostou todas as suas fichas no Dreamcast

Enfim, o novo console foi capaz de trazer uma versão 3D de Sonic que fizesse sentido. Sonic Adventure e Sonic Adventure 2 foram extremamente bem recebidos, visto que transportaram toda a mágica da velocidade, cenários cativantes e músicas fantásticas para o novo padrão gráfico da indústria. Um dos pontos fortes desses jogos é a chegada de Shadow, uma versão anti-herói de Sonic que logo se tornou um dos personagens mais queridos de toda a franquia

A trilha sonora foi composta por conjuntos japoneses e ocidentais, e faixas inesquecíveis como Escape From The City e Live And Learn ficaram a cargo da banda Crush 40

Apesar do sucesso relativo dos novos jogos do Sonic, eles não foram suficientes para salvar o Dreamcast. O console teve desempenho pífio e fez com que a Sega saísse do mercado de consoles, focando apenas no desenvolvimento e licenciamento de seus jogos. Inclusive, isso garantiu que o GameCube também recebesse uma versão de Sonic Adventure 2.

Franquia multiplataformas

Sem um console próprio, mas ainda uma marca forte no segmento de desenvolvimento de software, a escolha natural para a Sega foi transformar Sonic em um título multiplataforma, de forma a expandir a receita da série. Infelizmente, desde a transição para o 3D, a popularidade do ouriço nunca mais foi a mesma em relação aos jogos originais do Mega Drive.

Sonic Heroes (2003) e Shadow The Hedgehog (2005)

Lançado em 2003 para PlayStation 2, GameCube e para o primeiro Xbox, Sonic Heroes foi o primeiro título da série a chegar oficialmente a mais de um console. O jogo replicou a fórmula que deu (mais ou menos) certo em Sonic Adventure. Porém, já havia sinais de um modelo desgastado e esticado quase ao seu limite, sendo formada por elementos cada vez mais genéricos.

Desse ponto em diante, a maioria dos jogos 3D seguintes apresentaram recepções questionáveis. Shadow The Hedgehog apostou no personagem com ar de “malvadão”, mas nem todo o carisma do anti-herói foi suficiente para impressionar os jogadores.

O fundo do poço

O mesmo se repetiu com praticamente todos os títulos subsequentes. A tentativa de um reboot 3D em 2006 para o Xbox 360 e PlayStation 3 foi tão fraca que resultou no primeiro jogo da série a vender menos de um milhão de unidades desde Sonic 3D Blast. 

Sonic Unleashed (2008) conseguiu recuperar um pouco a imagem do herói, mas a estratégia de apresentar um Sonic com ares de lobisomem dividiu opiniões.

Crédito: Sega America

Sonic Colors (2010), por outro lado, voltou a trazer mundos coloridos e, apesar de ter sido lançado exclusivamente para Wii e Nintendo DS, ele é considerado um dos jogos mais queridos e bem produzidos da nova era. 

Também em 2010, Sega lançou uma tentativa de retornar às origens 2D com Sonic 4. Todavia, a proposta de lançamentos episódicos desagradou bastante, ainda mais combinada a cenários que mais pareciam fases recicladas dos jogos originais. O projeto foi descontinuado após o segundo episódio.

Sonic Generations (2011) traz a interessante proposta de um multiverso do ouriço. O jogo combina fases 2D – com direito a utilizar o Sonic original “barrigudinho” – e suas versões modernas em fases 3D. A premissa é interessante e o jogo era promissor, mas o excesso de conteúdo e barreiras de progresso muitas vezes sem propósito só tornou a experiência cansativa.

O que parecia ser a pá de cal que faltava para encerrar de vez a série foi o lançamento de Sonic Lost World e Sonic Boom, para o Wii U e Nintendo 3DS. Apesar de serem jogos completamente diferentes, ambos chegaram com propostas confusas, tentando trazer elementos de outros gêneros — muito mal aproveitados, por sinal. Sonic Forces, de 2017, conseguiu ser ainda mais genérico.

Nova equipe e esperança renovada

A essa altura, a Sonic Team parecia ter desistido completamente de investir em novas sequências. Contudo, também em 2017, um grupo de fãs conhecidos por desenvolver versões de Sonic se uniram e formaram a PagodaWest Games para desenvolver Sonic Mania. Com o protótipo em mãos, a equipe apresentou o projeto à Sonic Team. A equipe não apenas aprovou a continuidade do desenvolvimento, como publicou Sonic Mania. 

O jogo foi lançado para todas as plataformas da geração – inclusive para o Nintendo Switch, que tinha acabado de chegar ao mercado. O game rapidamente conquistou os fãs e a crítica. Sonic Mania é, possivelmente, a melhor experiência de toda a série desde os jogos do Mega Drive.

O Futuro de Sonic no console e em outras mídias

Com o sucesso estrondoso dos filmes da Marvel e tecnologias de CGI modernas, a Paramount Pictures adquiriu o projeto, até então engavetado, de trazer o ouriço para o cinema. As primeiras imagens do filme apresentaram um Sonic horripilante, extremamente antropomorfizado, que trouxe a internet abaixo. 

As críticas — muito acertadas — causaram a pausa temporária do projeto, de forma a permitir que a equipe de design recriasse o modelo do personagem. Para nossa sorte, o resultado não poderia ter sido melhor. Possivelmente inspirado na abordagem da Warner em Detetive Pikachu, o novo Sonic era fofinho e com ar de espertalhão, perfeito para a proposta. 

Crédito: The Enemy

Sonic O Filme foi lançado em 2020, sendo um dos últimos longas a chegar ao cinema antes do lockdown devido à pandemia de COVID-19. Seu sucesso foi estrondoso, arrecadando aproximadamente US$ 320 milhões mundialmente, o que garantiu duas sequências: uma lançada em 2022 e outra confirmada para 2024. A versão dublada consegue ser ainda mais espirituosa, com Manolo Rey dando vida ao personagem. 

Com as forças renovadas, a Sonic Team voltou a trabalhar em jogos 3D. Sonic Frontiers está em estágios finais de desenvolvimento e parece combinar elementos de exploração de Breath of the Wild com mecânicas dos jogos originais do Dreamcast. A ambientação realista, por outro lado, não parece ser o ponto forte do jogo, que tem lançamento previsto para 2022.

Crédito: The Enemy

Jogos do Sonic pós Mega Drive e Spin-offs

O fim da Sega como fabricante de consoles rendeu o licenciamento do herói para alguns spin-offs. Além de Sonic & Sega All-Stars Racing — essencialmente o Mario Kart da Sega —, a parceria entre Mario e Sonic em jogos esportivos transporta a rivalidade de 30 décadas para um patamar mais saudável.

  • Sonic 3D Blast, 1996 (Sega Genesis / Mega Drive/ Sega Saturn)

  • Sonic Adventure, 1998 (Dreamcast)

  • Sonic Adventure 2, 2001 (Dreamcast / GameCube)

  • Sonic Advance, 2001 (Game Boy Advance)

  • Sonic Heroes, 2003 (PlayStation 2 / Xbox / GameCube)

  • Shadow the Hedgehog, 2005 (PlayStation 2 / Xbox / GameCube)

  • Sonic the Hedgehog, 2006 (Xbox 360 / PlayStation 3)

  • Sonic Unleashed, 2008 (PlayStation 2 / Wii / Xbox 360 / PlayStation 3)

  • Sonic & Sega All-Stars Racing, 2010 (PlayStation 3 / Xbox 360 / Wii / Nintendo DS / Windows)

  • Sonic Colors, 2010 (Wii / Nintendo DS)

  • Sonic Generations, 2011 (PlayStation 3 / Xbox 360 / Windows / Nintendo 3DS)

  • Sonic & All-Stars Racing Transformed, 2012 (PlayStation 3 / Xbox 360 / Wii U / Nintendo 3DS)

  • Sonic Lost World, 2013 (Wii U / Nintendo 3DS)

  • Sonic Boom: Rise of Lyric and Shattered Crystal, 2014 (Wii U / Nintendo 3DS)

  • Sonic Forces, 2017 (Nintendo Switch / PlayStation 4 / Xbox One /Windows)

  • Sonic Mania, 2017 (Nintendo Switch / PlayStation 4 / Xbox One / Windows)

  • Mario & Sonic at the Olympic Games

    • Mario & Sonic at the Olympic Games, 2007 (Wii / Nintendo DS)

    • Mario & Sonic at the Olympic Winter Games, 2009 (Wii / Nintendo 3DS)

    • Mario & Sonic at the London 2012 Olympic Games, 2011 (Wii, Nintendo 3DS)

    • Mario & Sonic at the Olympic Games Tokyo 2020, 2019 (Nintendo Switch

Saiba mais sobre Sonic

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Sonic Frontiers
  • Lançamento

    08.11.2022

  • Publicadora

    SEGA

  • Desenvolvedora

    Sonic Team

  • Gênero

    Ação, aventura, mundo aberto

  • Testado em

    PlayStation 5

  • Plataformas

    PC PlayStation 4 PlayStation 5 Xbox One Xbox Series X Xbox Series S Nintendo Switch